sábado, 8 de novembro de 2014


Dupla de irmãos ruivos a tocar música irreverente com o apelido White. Será que o conceito pode melhorar? Eis a questão.

Mistério Branco.


Twin Peaks (1990)













terça-feira, 2 de setembro de 2014

Grrrrrls

"Embracing high heels, lipstick, and the term “girl” as markers of a new feminist style may have made sense at feminist gatherings where these signifiers were used to indicate a generational shift within feminism, yet within the larger culture high heels and lipstick still signified a commitment to traditional femininity that no ironic wink could undermine. Some argued that what matters is a woman’s agency; as long as it is the woman herself who is choosing to present herself in a hyperfeminine or sexualized manner, then what’s the problem? Others disagreed, saying that women’s reclamation of traditional feminine culture under the banner of feminism is a sign of how far we still have to go to truly escape from the rigid confines of gender and to move beyond a limited view of empowerment." 
Cobble, Gordon and Henry

Feminismo. Misoginia. Que palavras estranhas. O que quererão dizer? Procura o significado...em ti. Tantas opiniões. Tantas sugestões. Tantos discursos testosteronamente produzidos. E a testosterona pobre coitada, que culpa nenhuma tem senão a de contribuir para o crescimento destes seres. Domínio e ganância. Egoísmo e pretensão. E por vezes... discursos e atitudes machistas que nos marcam a pele provenientes de seres banhados em estrogéneos  e progesteronas, tal como nós. Infectados desde o nascimento por ideais redutores da sua essência. Limitadores da sua vontade. Repressores e opressores da sua voz. Que nos tentam calar, fechar numa caixa para usar quando lhes apetece. Batendo e violando. Moldando o pensamento e ensinando como nos devemos vestir, como nos devemos comportar, como devemos comer, andar. O que devemos ouvir, o que devemos dizer. O que devemos pesar, o que devemos desejar...
Delineando as mulheres e controlando-as, da maneira mais discreta. Socialmente aceite. 
Revistas, livros, filmes, anúncios, músicas...tudo a dizer que não serves para o que queres. Que não consegues. Que não vale a pena tentar. Cala-te, veste um vestido curto e faz-te à vida. Põe batom e seduz o teu patrão.
E tantas explicações para quê? A sociedade é o que é, foi o que foi e será o que será. Felizmente desde o século passado que a liberdade deu lugar ao feminismo e que esta palhaçada se foi revelando ao mundo na sua verdadeira forma. Injustiça, confinamento, ignorância. Finalmente conhecimento para as mulheres. Oportunidades, opções de escolha. Quero vestir calças, quero soltar o cabelo, quero pintar os lábios, quero tirar o sutien. Quero escrever isto. Quero contar o que me aconteceu. Quero lutar contra a opressão e contra o sexismo. Quero ajudar as mulheres que sofrem de violação e agressão. Quero mandar os homens lá para trás como a Kathleen Hanna. Quero ouvir Bikini Kill e quero ver princesas negras nos filmes da Disney. Quero falar de sexo. 
Feminismo pode ser muita coisa, mas não me encham os ouvidos com politica. Aqui somos o que nos apetece. Podemos fazer o que nos apetece. Sem obrigação ou vergonha.
Somos revolução todos os dias. Somos grrls com muitos r's. R de Real. 

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Como a Casa na Bruma eu vejo-te a ti. Entre nevoeiro a ires embora, sem adeus nem despedidas porque eu me recusei a deixar-te ir deixando-te simplesmente ir... deixo-te a dormir para acordares sem mim ao teu lado. fala-se em saudades na nossa língua comum. saudades de quê? da memória de 2 ou 3 dias em que criámos algo. um novo conceito. uma nova visão. um novo mundo. uma nova língua e um novo entendimento. desta inspiração que és tu em mim, nasceu algo fora do comum. fora do normal, fora do meu mundo. nem maior nem mais pequeno. diferente. sem definição no dicionário. nem no meu nem no teu. nem em Portugal nem na Áustria nem na Etiópia. nem na Finlândia. somos vários mundos tu e eu. vários mundos unidos por segundos na memória de um paraíso não artificial mas muito efémero. 
lembro-me agora que nem um obrigado te deixei. a perspectiva do fim ao pouco que tínhamos começado deixou-me sem saber onde era o mar. sem conseguir fechar a porta...talvez fosse mais fácil para vires atrás de mim. sonâmbulo. apaixonado: pela vida, pelo mar, pela minha praia, pelas tuas minhas palavras.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Paris

Um dia estava em Paris e pareceu que te tinha visto. Ao fundo da ponte que levava ao meu hotel, quase a chegar ao café. Aquele do chocolate quente que bebia todas as tardes enquanto fumava um cigarro e lia um livro emprestado de uma das bancas da feira de antiguidades. Vi'te parado a olhar para o rio como se esperasses alguém. Mas ninguém chegava. Parei uns minutos para ter a certeza que eras tu. Esfreguei os olhos e engoli em seco cinco vezes. Tossi e espirrei. Precisei de dar açúcar ao meu sangue. Passado o que pareceram 2 horas dei o primeiro passo para me dirigir e ti.
Eu sabia que paris era a tua cidade, sabia que poderias estar lá naquela altura. Mas tinha rejeitado a ideia de te encontrar durante aqueles 3 dias que lá ia passar por falta de vôos directos para Helsínquia.
Eu sabia que tu sabias quem eu era. Já não se passava como há um ano atrás na praia em que eu sabia quem tu eras e o contrário parecia impossível e distante. 
Já tinhas revelado o segredo da nossa existência. Revelado que sabias o meu nome, que notavas a minha falta quando eu não estava. Revelado que gostavas de dançar ao pé de mim, ou que eu dançasse ao pé de ti. Com o passar do tempo os olás foram passando a beijinhos informais e desprendidos. Cada vez mais presos.
Passei muitas barreiras mas o que ia na minha cabeça lá continuava escondido. Só de ti, porque os meus amigos sabiam. Sabiam o que eu lhes contava. Os meus sonhos, as minhas ansiedades, os medos e os pensamentos atrevidos em que te agarrava e atirava ao chão. Mas até hoje há partes que só eu conheço de ti e de mim, de nós na minha imaginação. A emoção diária de um olhar, a imagem dos teus abraços e o teu toque na minha pele. As tuas festas que ainda sinto mesmo sem terem existido. 
O teu sorriso que se diverte com as minhas brincadeiras. Os teus olhos que se trocam de propósito para me fazer rir. O teu sotaque francês e as minhas tentativas de aprender a falar essa língua que sai da tua. Memórias destas que eu construí a partir da areia e que agora tento apagar para preservar um pouco da minha sanidade mental.
Chego a Paris e és a primeira coisa de que me lembro. Depois do croissant de chocolate que quero devorar, claro. 
O croissant ficou por comer. O resto é comigo.
Vou ter contigo e apoio-me no muro com um ligeiro impulso como se pensasse em atirar-me ao rio. E já estive mais longe de cometer tal loucura. Água fria parece-me uma boa opção e uma vez que me falta o nosso mar, penso em afogar-me aqui mesmo...na tua cidade. Como se respirasse a água em que foste criado, aquela que te regou e que foi expulsa contigo para o mundo. Para a realidade cruel em que estamos a viver, onde só encontro paz nos teus olhos meios fechados e na tua voz profunda que me viola sempre que me falas. 
Solta o cabelo e vem mergulhar. No rio gelado de Paris ou no mar quente da nossa praia. Mergulha nos meus olhos que se misturam com os teus e deixam de ver a miséria do mundo. Esquece as guerras e as pessoas más. 
Abraça-me e protege-me destes vícios. Destes ódios e destes preconceitos que me magoam. 
Olho para o céu para olhar para ti. Sinto a tua mão e agarro-a com tanta força que te ris e beijas-me para me distrair. Tenho medo de me perder.

Afinal não estou em Paris e não me livrei dos vícios. 

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Quando dizes que a música faz parte da tua vida, ou que a tua vida faz parte da música.... Não. Tu não o dizes. Mas será que o sentes? Faz-me confusão a indiferença e a falta de paixão. A apatia e a falta de informação. Quando gritas comigo e dizes que eu tenho a mania, olho com este ar sereno para ti e sorrio porque finalmente sinto alguma força de expressão. Vontade. Música. Fico descansada quando sinto música em ti. Quando me cantas ao ouvido. Quando defendes essa tua falta de imaginação. Quando te valorizas e te agarras ao que pensas que sabes. 
Chega do diz que disse. Diz-me tu.
Chega de analisar o mau. Vamos celebrar o bom. O bom que há em cada canto, em cada poro, em cada pêlo, em cada beijo.
Chega de queixas, chega de sacrifícios por quem tudo nos deve e nada nos paga. 
Chega de pagamentos. 
Estás tão farta de contas como eu? Manda-as à merda. E enquanto o fazes deixa-me estar perto para ouvir. Para ouvir a música que vem de ti.
Chega de frio e de cansaço. Venha a subida, a fome e o banho de rio. Venha a noite fria e a porrada. A cerveja e o mijo seco entre as minhas pernas. 
Quando me falas em regras eu não oiço. Nem faço um esforço. Quando me chamas à razão desligas a música e fico sem nada. Fico com vontade de te bater e de aumentar o som mesmo sem permissão. 
De ligar uma música que eu sei que tu não gostas. Para te provocar. Para te desafiar. Porque as tuas regras cheiram mal, deixam-me mal disposta.
Chega de justificações e de boa educação. Chega de pensar porque penso em vez de pensar no que penso. 
Experimenta voar, salta e fica lá no alto. Depois arrasta-te pelos céus. Mas por favor não tentes perceber como. Nem me tentes explicar, mesmo que descubras o segredo. Prefiro ficar na ignorância. Nesta ignorância que no fim é sabedoria. Nesta música que no fim é vida.