Sinto-me inchada, tão inchada que quase rebento. Tudo aquilo que devia ir saindo as poucos vai-se acumulando como se de uma fortuna se tratasse. E nesse caso seria para festejar. Neste só se for mesmo para rebentar. São as mudanças que não param de surgir, os medos que começam a corroer cada órgão como se eu fosse um buffet, as ideias que deixaram de surgir e a ansiedade que não para de crescer. Mudar é bom, mas ser obrigado a mudar de repente, sem aviso nem consideração previa e racional, é só um choque que quem vive tem de aceitar. Com mais ou menos compreensão, com mais ou menos inspirações profundas, com mais ou menos adaptação. Somos obrigados a aceitar o que a vida nos faz, nos tira, nos dá e nos desfaz. Somos obrigados a continuar, pelo menos na minha perspectiva que recusa qualquer desistência precoce, facilitante, fatalista e insultuosa.
Seremos obrigados a aceitar? Não necessariamente. Mas chegar pelo menos a uma conformação resignada, depois de tentar perceber, facilita em muito a continuação do nosso espectáculo de marionetas. Desta atracção fantástica digna de pertencer a um parque de diversões, daqueles macabros e assustadores. Daqueles cheios de recantos misteriosos, onde se ouvem gritos desesperados e onde não se vê vivalma durante o tempo necessário para pensarmos que estamos sozinhos no mundo e que a nossa sorte a nós pertence.
Sem comentários:
Enviar um comentário
memórias