Não sei o que é pior: se sentir saudade e até uma certa tristeza, melancólica e potencialmente deprimente, ou não sentir nada. Não saber o que sentir nem como sentir. Não saber o que aconteceu, como se a memória se tivesse colapsado num novelo de esquecimento que engoli sem querer e evacuei sem dar conta. Não conseguir chorar, não saber que palavras dizer ou escrever. Posso sempre gritar, mas preferia chorar. Sabe sempre melhor e cura sempre com uma eficácia sobrenatural estas coisas estranhas sobre as quais ninguém consegue ter explicações politicamente correctas. Nem erradas, para dizer a verdade.
Se calhar está tudo tão podre cá dentro que o meu cérebro bloqueia e auto destrói a memoria, para eu não me massacrar mais. Mas então e agora? Fico aqui sozinha, meia vazia sem saber como voltar a sentir? Sem saber o que fui ou o que posso ser? Sem saber o que devo evitar, quais são os perigos e como acabar com eles antes que eles acabem comigo? Sem saber como chorar? Até disso me devo ter esquecido. E dava muito jeito.
Mas parece que vou ter que me conformar e habituar a esta nova situação. Aprender a viver com ela.
Sem cura possível, procuro Cure. E curo-me.
Eu não sou um boy, por isso devia poder chorar
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