domingo, 25 de agosto de 2013

O poder do Filtro e do Feijão

Sente cada vez um espaço maior entre o que é e o que há. Entre o que é e o que deveria ser, de acordo com leis secas e desprovidas de sentido que o obrigam a mendigar pelas ruas e a criar às escondidas do mundo que o rodeia e que diz ser uma coisa que não é. O mundo mente. O mundo exclui. O mundo abandona e condena.
Cada vez um abismo maior, em profundidade e comprimento. Um abismo que, passado não muito tempo, não deixará ver a outra margem, deixando-o sozinho no seu lado a que chamamos "Perspectiva".
Tudo lá é diferente. As cores, os cheiros, os animais, a energia, os sons e as palavras. 
Na margem da Perspectiva o cérebro funciona mais rápido e o ambiente em redor move-se mais lentamente. É difícil terminar uma frase porque outro  raciocínio já se está a formar dentro da caixa de comando, à qual se chamamos Feijão. 
O abismo separa inúmeros tipos e espécies de seres (imaginários ou não), que se diferenciam por uma característica crucial: o Filtro. 
Certo dia ele acordou e percebeu que  já não se adequava ao mundo que o rodeava. Tornou-se mendigo na sua própria cidade. Com o poder do Feijão e do Filtro criou o abismo que, sendo invisível, só existe no que é, tornando o que há mais habitável. 

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