Precisava de escrever uma frase infinitas vezes, e talvez depois disso conseguisse acreditar no que estava a escrever. Não é por ser uma coisa má, até é muito boa. Mas as reviravoltas do destino baralham-me. Estou mentalizada numa possibilidade, que seria a mais provável, e acontece ao contrário. Não gosto de lhe chamar surpresa. É um susto, um choque. Saio do meu corpo e fico no meio, entre duas realidades que não sei quais são, onde se encontram nem como se sai delas. Fico a pairar, sem saber o que fazer, o que pensar, o que dizer. Dizem-me uma coisa e eu oiço outra.
Preciso de um abraço tão forte que me puxe para o mundo do aqui e do agora. Preciso de um beliscão, de uma estalada, de um beijo. Preciso de ver as caras das quais tenho tantas saudades que dói. Preciso de ver aqueles sorrisos, a darem-me os parabéns. Preciso de ouvir aquelas vozes, de as ter à minha volta. Preciso que me chamem e me façam cair neste chão. Preciso que peguem em mim e me coloquem de novo no meu corpo, que já não sei onde está.
Vem, Anjo da Guarda. Diz-me que é verdade, faz-me uma festa e mostra-mos nem que seja uma vez.
Enquanto não chegas vou pairar por aqui. Vou ser fantasma por um dia.
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