Se pegasse nos meus sonhos e os gravasse numa cassete, para mais tarde poder vê-los a todos de seguida como se fosse um filme, tinha de pôr uma bolinha vermelha no canto do ecran. Não por ter cenas violentas nem cenas de sexo explícito (antes fosse). Mas sim para me avisar que podia (e iria certamente) ferir muito as minhas susceptibilidades enquanto ser humano feminino, com sentimentos e orgãos sensoriais. Com consciência, memória e emoções. Com canal lacrimal e um encéfalo relactivamente sensível e facilmente perturbável. Provavelmente, se visse a cassete toda, acabava com um distúrbio mental bastante grave que nem a Dianética conseguia curar. Nem terapia de choques nem Zoloft. Nem colete de forças.
Por isso se alguma vez fizerem isso, queimem a cassete e livrem-se das cinzas. Não vejam nem deixem ninguém vêr. O nosso subconsciente pode ser muito surpreendente. E não é só por rimar que é verdade.
Por isso é que sempre que acordo, eu penso para mim: "Ainda bem que não me lembro de tudo o que sonhei". E levanto-me da cama, meia traumatizada pelos restícios de sonho que ainda permanecem cá guardados (sem bolinha vermelha, para me avisar do quão perigosos são).
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