sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

A sério? A sério que ainda há quem diga ou pense tal coisa?
Se vestir-mos a pessoa mais burra do mundo com um vestino Chanel, não creio que ela vá ficar mais inteligente. Se puser-mos umas botas de 5 mil euros a um sem abrigo da rua, não acredito que ele vá ficar limpo, sem os vícios que o deixam na miséria nem que ganhe uma casa e uma família assim como que por magia. Se eu sou o que visto, então sou ainda menos do que pensava. Sou uma camisola e umas calças? Sou uns tennis já rasgados à frente e com um buraco na sola? Sou um casaco cheio de malhas e a cheirar a tabaco? É mesmo mais grave do que eu pensava, então.
Imaginava e acreditava que ainda era possível haver pessoas complexas que me deixassem a pensar, que deixassem todos a pensar. Que me surpreendessem cada dia mais, que não mostrassem logo o que são.Que fossem misteriosas e verdadeiras. Pessoas reais, com vidas reais e objectivos dignos de uma vénia quando passassem por mim.
Mas quando alguém diz que "somos o que vestimos", a minha esperança é estilhaçada em mil pedaços que vão com o vento. A minha sorte é que hoje nem está muito vento. Este Dezembro chegou frio, mas com o ar calmo e parado em todo o lado. Então talvez os pedaços de esperança não voem para lado nenhum, e quando descobrir que há mais alguém que discorda com este pensamento fútil e materialista, talvez os possa juntar e voltar a pôr dentro de mim.

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