sábado, 29 de outubro de 2011

O Balde e Eu

Somos os melhores amigos.

Dantes custava-me provocar o vómito, quando estava mesmo muito mal disposta e a comida tinha que sair por algum lado porque fazer a digestão era mentira. Agora custa-me ter de o evitar, conter a comida dentro do estômago quando ando na rua e quando estou em casa. O sítio é indiferente. Tenho nauseas e o balde torna-se o meu melhor amigo, o objecto essencial sem o qual não posso dar dois passos na rua sem sujar o passeio.
E isto piora cada vez mais, até ao dia em que deixe de acontecer. E para isso talvez tenha que provoar um ataque de amnésia acidental em mim mesma.
Mas enquanto não arranjo maneira de fazer isso, cada vez é menos o tempo que consigo estar sem levar o balde à cara e cada vez é mais regular ter de o esvaziar (note-se que encontrar um sítio apropriado para o fazer torna-se difícil, por isso vê como mesmo longe e ocupado ainda me dás trabalho!).
Mas tudo tem um lado positivo, não é verdade? Agora estou a ficar perita nisto e tenho que te agradecer. O mérito é todo teu.
Obrigada por me tornares a mestre do vómito. Assim, quando tiver uma intoxicação alimentar ou uma paragem de digestão (tudo coisas mais simpaticas do que esta doença que tive por tua causa) já tenho o treino necessário e já tudo custa menos.
A minha sorte é que já não te vejo. A nausea já só aparece por obra da memória que te põe à minha frente quando eu menos espero.
Digo-te isto porque somos já fomos amigos: Lava a cara, para ver se ficas um bocado menos nojento e não fazes vomitar as pessoas à tua volta. Olha que ela não deve gostar do sabor a vómito logo pela manhã. E se gostar...deixa-me só que te pergunte: Como é que gostas dela?

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